Ilha do Goió - Baía de Camamú
Bem, em Camamú passamos uma semana ancorados entre a Ilha do Sapinho e a Ilha do Goió, tranquilidade total. Moqueca de todos os tipos e peixe frito eram nossos pratos preferidos, isso quando Dandan não fazia no barco macarronada com molho de calabresa muito bom!
Água não precisávamos economizar, tomávamos banho na fonte natural da ilha do Goió. Por sete dias foi nossa rotina ir de bote até a ilha no fim da tarde, pegar a pequena trilha munidos de shampoo e sabonete e de balde tomávamos banho com água de excelente qualidade.
A noite era na pizzaria do seu Antônio, ou a bordo tomando vinho e fazendo um som no violão que é meu vício.
Um determinado dia demos uma velejada até Maraú, cidadezinha quase no fim da baía de Camamú. Um espetáculo, vento de popa e maré de enchente. Chegamos em Maraú no estofo da maré e nem ancoramos, passamos em frente a ponte da cidade e aproveitamos a maré que começava a vazar para retornar, porém no motor contra o vento. Piloto automático interfaciado com o Gps e o Nimbus voltou sozinho até a Ilha Germana, uma ilha deserta no meio da baía com praias clarinhas, onde paramos para fazer o almoço a bordo.
Ilha Germana
Voltamos ao Goió e ficamos por mais dois dias acompanhando a meteorologia para seguir viagem para Morro de São Paulo. Tinhamos que esperar o vento nordeste, que soprava fresco 24 horas por dia, reduzir pois era exatamente contra o nosso rumo para Morro. O fundeio onde estávamos era abrigado mas víamos as nuvens passando com pressa por cima de nós empurradas pelo vento.
Segundo a previsão dia 5 já teria uma manhã com tempo bom sem vento. Abastecemos o Nimbus com água, fomos a cidade de Camamú de saveiro fazer compras e buscar gasolina. Assim ficaríamos prontos para partir.
A noite nos despedimos dos nossos amigos em terra e voltamos para o barco. Tiramos o motor do bote, amarramos o bote no convés, passamos as linhas de vida, guardamos tudo que pudesse cair dentro dos armários e tomamos todas as providências para partirmos na madrugada.
Tudo pronto fomos dormir e descansar para viagem, próximo destino Morro de São Paulo.
Pescaria entre Camamú e Morro de São Paulo
Acordamos às 4:30 da manhã e partimos. Sair da barra de Camamú é sempre um dilema. Ou sai com a maré de vazante aumentando a velocidade e enfrentando ondas que crescem quando a maré corre contra o vento ou sair na enchente contra o vento e a maré porém com menos ondas. Escolhi por sair na vazante já que na madrugada esperava não encontrar vento. Deu certo, a vazante aumentava nossa velocidade em um nó, o que para nós é bem significativo.
A viagem até Morro foi muito tranquila, oito horas de motor, vento fraco contra. Ter trocado o motor do Nimbus por um novo Mercury de rabeta longa foi fundamental para o sucesso da viagem, um motor comum certamente ficaria saindo da água e cavitando, pois no mar aberto mesmo com vento calmo continuam as ondas.
Amanhecendo na Barra da Baía de Camamú
Entre Camamú e Morro nossa isca artificial, rapala magnum branca e vermelha, foi atacada 5 vezes! Nunca vi isso. Duas das vezes o peixe se soltou e nem vimos. Todos os peixes embarcados foram um tipo de peixe conhecido como Bonito, peixe de carne escura, devolvemos dois deles a água na intenção de pegar uma cavala mas não veio. Ficamos com o último Bonito de uns 5 kg ou mais que virou churrasco na Gamboa.
Caminhando na Gamboa
Dois dias bacanas na Gamboa do Morro, com fundeio calmo e sem surpresas. Passeamos, comemos mais moquecas e no sábado dia 7 também na madrugada saímos com destino a Salvador.
A idéia era motorar até o farol da barra pois a previsão era de vento contra fresco a tarde, queríamos pegar esse vento já na Baía de todos os Santos.
No través de Caixa-Pregos durante a travessia avistei um veleiro a deriva, nos aproximamos e a tripulação informou que estavam fazendo muita água pelo telescópio do eixo do motor, consequentemente sem poder usa-lo, e sem vento estavam a deriva. Não tínhamos capacidade de reboca-los então os entreguei duas caixas de Durepoxi para que tentassem conter o vazamento, esperar o vento e prosseguir viagem a Salvador.
Chegar no Farol da Barra vindo do mar tem a mesma sensação de pisar na varanda de casa após uns dias fora. Do farol rumamos para Loreto onde pernoitamos.
Lá encontramos vários veleiros amigos, Pajé, Hórus, To Indo,
Jequiriçá e outros. Levamos dez horas da Gamboa até o fundeio entre bom Jesus e a ilha de Suarez, aproximadamente 46 milhas.
Já devidamente ancorados fomos tomar uma cerveja com o comandante Roberto Nadier no veleiro Pajé. Voltamos para o Nimbus, demos uns mergulho, depois banho de água doce e um cochilo no fim da tarde. A noite foi a vez do Happy Hour no To Indo, do comandante Gerson “boca” da Silva e Cindi. Lá estavam vários amigos além da tripulação do barco: Hamilton e Gal do Veleiro Hórus, Paulinho do Puaya e depois o Roberto do Pajé, além de nós.
Domingão pela manhã (08/01/12) foi o dia de voltar para casa. Demos uma velejada gostosa de volta para o Aratu Iate Clube, nova casa do Nimbus e depois de uma grande arrumação retornando de 13 dias de viagem desembarcamos.
Fazendo um resumo da viagem podemos dizer que foram dias excelentes, algumas dificuldades em Ilhéus, momentos de tensão entre Ilhéus e Camamú e depois só alegria. O Nimbus, um J24 , veleiro de 24 pés projetado para regata nos levou e trouxe com segurança, não quebrou nada e nem nos deu nenhuma surpresa ruim, só boas, um barco de alma segundo nosso amigo Léo Lacrau.
Turno amanhecendo
Alguns nos vêem como aventureiros, outros como malucos ou irresponsáveis por sair velejando em mar aberto num veleiro construído na década de 80 de 24 pés. Só posso dizer que baseamos nosso passeio em planejamento. Não tem segredo, nem mistério, é preparação e trabalho. Manutenção do barco com muito zelo, acompanhamento da meteorologia idem, equipamentos de segurança adequados e ter sempre que possível um plano B caso o A não seja possível, principalmente com relação a natureza pois para vencê-la é muito difícil, tenham-na sempre ao seu favor.
E vamos para o mar! Temos duas das maiores baías do Brasil no nosso estado, e 80% dos barcos presos a poitas e píeres em marinas e clubes durante a maior parte do tempo. É triste chegar em Camamú e Morro de São Paulo e só encontrar veleiros franceses, chegar no Loreto, Itaparica ou outro lugar na nossa baía e encontrar meia dúzia de veleiros apenas. Saiam, saiam, veleiros gostam de mar!
Chegando em Morro de São Paulo
Papagaios na Ilha do Sapinho
Cansaço entre Ilhéus e Itacaré
Um abraço a todos,
Tiago e Dandan
Bar Vesúvio Ilhéus
-12.798075
-38.460045